Miolo
03/09/2024     Recursos terapêuticos    Rubem Alves

Meu sogro era um alemão que veio para o Brasil após a Primeira Guerra. Filho de um pastor adventista, tinha uma série de tabus alimentares. Não comia carne de porco, camarão, frango ao molho pardo… E tinha também um tabu particular: detestava, sem nunca haver comido, miolo de boi. Pois um dia ele foi convidado a almoçar numa casa tipicamente brasileira. E ficou felicíssimo porque o prato principal era couve-flor empanada. Comeu, gostou, repetiu, encheu a barriga. Ao final, boca e estômago havendo aprovado, ele quis fazer um elogio à dona da casa. “Essa couve-flor estava divina!”, ele disse. Ao que ela esclareceu: “Me alegro que o senhor tenha gostado. Mas não é couve-flor. É miolo…”. Ouvida a palavra miolo, o estômago entrou em estertores e ele teve de sair correndo da mesa para vomitar no banheiro. O que foi que ele vomitou? Ele vomitou a palavra “miolo”. Nós gostamos não é da “coisa”, mas do nome que pomos nela…

 

Rubem Alves. In: Ostra feliz não faz pérola

Atenção: Se você estiver em crise, com ideação ou planejamento suicida, ligue para o Centro de Valorização da Vida - CVV (188). Em caso de emergência, procure o hospital mais próximo. Havendo risco de morte, ligue imediatamente para o SAMU (192), ou para o Corpo de Bombeiros (193).

Marcelly França Brandão de Carvalho - . Todos os direitos reservados.
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